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Ebook: Escritos sobre psicologia do Inconsciente

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13.02.2024
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Observações Preliminares
A polêmica em torno da tradução de Freud há muito deixou de ser
tema exclusivo de especialistas. A maioria dos atuais leitores de
Freud está ciente de que há concepções de tradução diversas, cada
uma produzindo importantes diferenças de leitura. Assim, espera-se
que o tradutor contemporâneo apresente sua concepção de
tradução e justifique as opções terminológicas, e para tal remetemos
os interessados ao volume I (“Os Critérios de Tradução Adotados”,
pp. 15-60).
Alguns dos termos fundamentais da psicanálise que poderão ser
encontrados neste volume não foram traduzidos por uma única
palavra, mas por diversas palavras empregadas alternadamente.
Assim, por exemplo, dependendo do contexto, Vorstellung foi
traduzida por “representação”, “idéia”, “noção”, “concepção” e
“imagem”, entre outras alternativas — todas, sempre que
necessário, seguidas do termo alemão entre colchetes. No caso
específico de Vorstellung, constata-se que, por vezes, a acepção de
“representação” se refere a uma única representação simples, por
outras, a um complexo de representações simples que compõem
uma frase ou idéia.
Consideramos importante manter a riqueza e as variações de
sentido da palavra e evitar que se falseie sua leitura como se se
tratasse de um conceito psicanalítico bem-acabado e definido. No
texto de Freud, uma mesma palavra é com freqüência empregada
no sentido corrente (sem carga conceitual) e, em outros contextos,
numa acepção mais rigorosa e conceitual (ver nossas observações
sobre “trama semântico-conceitual” no vol. I, pp. 15-24).
Também outros termos que nas últimas décadas têm sido
traduzidos sempre por uma mesma palavra em português, por
exemplo, Genuss (“gozo”), Abfuhr (“descarga”), Bedürfnis
(“necessidade”), na presente tradução poderão aparecer,
respectivamente, como “fruição” ou “deleite” [Genuss],
“esvaziamento” ou “remoção” [Abfuhr] e “carência” ou “falta”
[Bedürfnis], todos, quando necessário, seguidos de seu
correspondente alemão entre colchetes.
Optamos não só por alterar a tradução de alguns termos já
tradicionais na literatura psicanalítica brasileira, como também por
restaurar os usos polissêmicos que Freud fazia dos termos, pois, em
diversas ocasiões, ele explicitou que optava por determinadas
palavras para designar um conceito justamente pelo fato de os
vários sentidos e a riqueza semântica da palavra contribuírem para
elucidar o conceito em questão. Assim, além de buscarmos circular
por essa polissemia, também apresentamos aos interessados notas
de fim de capítulo, identificadas pela letra T (tradutor), adicionando
comentários semânticos relevantes.
Também é preciso lembrar que é próprio do estilo de Freud ora
diferenciar dois conceitos, por exemplo, Verdrängung [“recalque”] e
Unterdrückung [“repressão” ou “supressão”], ora tratá-los como
sinônimos. Apesar de sua insistência no rigor, Freud sempre se
declarou avesso ao engessamento conceitual — ver, por exemplo,
os comentários do próprio Freud em “À Guisa de Introdução ao
Narcisismo” (vol. I, p. 100) e “Pulsões e Destinos da Pulsão” (vol. I,
p. 145).
Assim, em vez de privilegiarmos uma ilusória simetria dos
significantes entre idiomas, cujas redes semânticas na verdade são
tão diferentes, e de forçarmos uma conceptualização que Freud
nunca tratou com intransigência, optamos por integrar as
considerações conceituais às variações semânticas (ver vol. I, pp.
24-6).
Sabemos que as variações terminológicas que introduzimos em
alguns termos exigem uma readaptação do leitor; entretanto,
pensamos que vale a pena, pois o reaproximará do estilo freudiano
e enriquecerá em muito a leitura dos textos, plenos de aberturas e
superposições.
Luiz Alberto Hanns
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