Ebook: Teoría General Del Estado [Allgemeine Staatslehre]
- Genre: Economy // Law
- Series: Sección de Obras de Política y Derecho
- Year: 1911
- Publisher: Fondo de Cultura Económica
- City: Ciudad de México
- Language: Spanish
- pdf
Este livro é uma obra-prima. Já na primeira página de sua clássica Teoria Geral do Estado, o grande Georg Jellinek ensinava:
"Os fenômenos da vida social humana dividem-se em duas classes: aqueles que são essencialmente determinados por uma vontade diretriz, e aqueles que existem ou podem existir sem uma organização devida a atos de vontade. Os primeiros estão submetidos necessariamente a um plano, a uma ordem, emanados de uma vontade consciente, em oposição aos segundos, cuja ordenação repousa em forças muito diferentes."
Dessa advertência devem deduzir-se algumas regras metodológicas incontornáveis:
1) Jamais confundir os dois tipos de processos, nem aplicar indistintamente a um os conceitos explicativos desenvolvidos para o outro.
2) Não esquecer que os processos incontrolados também resultam, ao menos em parte, de ações deliberadas, porém parciais, que se mesclam e se modificam umas às outras sem um controle geral.
Infringir a regra número 1 é a ocupação primordial dos intérpretes mencionados acima, sobretudo aqueles que procuram identificar, sob a massa heteróclita de acontecimentos, um “sentido da História”. Ao mais mínimo sinal de uma coerência, de uma similaridade, de uma repetição analógica nos resultados de longo prazo das ações incontroladas, esses metafísicos do pseudo-ser estão prontos a aí descobrir premeditações inconscientes, intenções coletivas e, enfim, a atribuir a unidade de ação dos verdadeiros sujeitos a fantasmas coletivos, a abstrações e entes de razão.
Se os fatos da ordem social humana se dividem, portanto, em dois tipos: controlados por deliberação humana e não controlados por alguma deliberação humana; por desgraça, as ciências sociais, desde o seu nascimento, infectadas de preconceitos positivistas e marxistas, teimaram em enfatizar unilateralmente o segundo tipo de processos, julgando que os elementos anônimos e coletivos eram mais suscetíveis de tratamento "científico" e criando assim a fantasmagoria de uma sociedade movida por "leis gerais", sem responsabilidade humana.
Resultado: quando uma vanguarda revolucionária ou uma elite de oligarcas bem assessorados impõe sua vontade a populações inteiras que não sabem de onde as ordens partiram, tudo se passa como se ninguém tivesse decidido nada, como se as mudanças tivessem caído prontas do céu.
Já na década de 30 Antonio Gramsci havia codificado esse processo numa técnica sistemática para elevar o Partido Comunista às alturas de “um poder onipresente e invisível como um imperativo categórico ou um mandamento divino”. Em vez de lançar clareza sobre o seu objeto de estudo, muitas vezes as ciências sociais se transformam elas próprias em instrumentos de camuflagem. Aliás, se não fosse assim, talvez não recebessem subsídios tão polpudos de governos, serviços secretos, bancos internacionais, etc.
CARVALHO, Olavo Luiz Pimentel de; DUGIN, Aleksandr. 2012. Os EUA e a Nova Ordem Mundial: um debate entre Aleksandr Dugin e Olavo de Carvalho, p. 109 / CARVALHO, Olavo Luiz Pimentel de. 2012.06.15. O poder anônimo. Diário do Comércio http://old.olavodecarvalho.org/semana/120615dc.html
"Os fenômenos da vida social humana dividem-se em duas classes: aqueles que são essencialmente determinados por uma vontade diretriz, e aqueles que existem ou podem existir sem uma organização devida a atos de vontade. Os primeiros estão submetidos necessariamente a um plano, a uma ordem, emanados de uma vontade consciente, em oposição aos segundos, cuja ordenação repousa em forças muito diferentes."
Dessa advertência devem deduzir-se algumas regras metodológicas incontornáveis:
1) Jamais confundir os dois tipos de processos, nem aplicar indistintamente a um os conceitos explicativos desenvolvidos para o outro.
2) Não esquecer que os processos incontrolados também resultam, ao menos em parte, de ações deliberadas, porém parciais, que se mesclam e se modificam umas às outras sem um controle geral.
Infringir a regra número 1 é a ocupação primordial dos intérpretes mencionados acima, sobretudo aqueles que procuram identificar, sob a massa heteróclita de acontecimentos, um “sentido da História”. Ao mais mínimo sinal de uma coerência, de uma similaridade, de uma repetição analógica nos resultados de longo prazo das ações incontroladas, esses metafísicos do pseudo-ser estão prontos a aí descobrir premeditações inconscientes, intenções coletivas e, enfim, a atribuir a unidade de ação dos verdadeiros sujeitos a fantasmas coletivos, a abstrações e entes de razão.
Se os fatos da ordem social humana se dividem, portanto, em dois tipos: controlados por deliberação humana e não controlados por alguma deliberação humana; por desgraça, as ciências sociais, desde o seu nascimento, infectadas de preconceitos positivistas e marxistas, teimaram em enfatizar unilateralmente o segundo tipo de processos, julgando que os elementos anônimos e coletivos eram mais suscetíveis de tratamento "científico" e criando assim a fantasmagoria de uma sociedade movida por "leis gerais", sem responsabilidade humana.
Resultado: quando uma vanguarda revolucionária ou uma elite de oligarcas bem assessorados impõe sua vontade a populações inteiras que não sabem de onde as ordens partiram, tudo se passa como se ninguém tivesse decidido nada, como se as mudanças tivessem caído prontas do céu.
Já na década de 30 Antonio Gramsci havia codificado esse processo numa técnica sistemática para elevar o Partido Comunista às alturas de “um poder onipresente e invisível como um imperativo categórico ou um mandamento divino”. Em vez de lançar clareza sobre o seu objeto de estudo, muitas vezes as ciências sociais se transformam elas próprias em instrumentos de camuflagem. Aliás, se não fosse assim, talvez não recebessem subsídios tão polpudos de governos, serviços secretos, bancos internacionais, etc.
CARVALHO, Olavo Luiz Pimentel de; DUGIN, Aleksandr. 2012. Os EUA e a Nova Ordem Mundial: um debate entre Aleksandr Dugin e Olavo de Carvalho, p. 109 / CARVALHO, Olavo Luiz Pimentel de. 2012.06.15. O poder anônimo. Diário do Comércio http://old.olavodecarvalho.org/semana/120615dc.html
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