Ebook: Cooperativismo de Plataforma
Author: Trebor Scholz
- Year: 2016
- Publisher: Elefante / Autonomia Literária
- City: São Paulo
- Language: Portuguese
- pdf
A ideia de uma nova economia, mais inteligente e dinâmica, em que liberdade e facilidade valem mais do que posse absoluta e exclusiva de objetos, ganha força. Por que ter um carro se eu posso conseguir um com motorista em dois cliques no celular, a um preço razoável? Ou, invertendo a lógica, por que manter aquele quarto vazio nos fundos da casa quando alguém poderia aproveitar esse espaço? Para que deixar a bicicleta encostada ou um livro mofando? Por que não aproveitar melhor as coisas?
O mesmo raciocínio também aparece no campo das relações de trabalho. Por que não usar meu carro no final de semana para ganhar um extra dirigindo, já que a vida está tão cara? Não arranjo emprego, vou atrás de uns freelas em alguma plataforma virtual de oportunidades. Muitas vezes, a ideia é complementada pela justificativa de que assim é melhor, porque não tenho um chefe controlando meus horários.
Turbinadas pela velocidade da Internet, as relações de trabalho e as estruturas comerciais, em especial no setor de serviços, mudam com velocidade, em um vórtice que confunde quem legisla, quem trabalha e quem consome. O desprendimento em relação a possuir bens nem sem-pre é simples; por vezes, vem junto com o compartilhar por necessidade, por falta de opção em relação a fontes de renda. A simplicidade no acesso, que em um primeiro olhar pode ser entendida como democratização do con-sumo, se fundamenta, em muitos casos, em precarização absoluta de condições de trabalho e desregulamentação total, o que inclui elisão de impostos e falta de mecanis-mos mínimos de segurança social. Em um momento em que a economia se reestrutura, com protagonismo cres-cente de empresas transnacionais que vendem facilidades mais do que bens físicos ou serviços diretos, é preciso pa-rar e refletir, olhar referências, analisar dados concretos, buscar alternativas.
O fenômeno está diretamente relacionado à fase atual do capitalismo e se repete, em diferentes intensidades, em todo o planeta. Em um momento em que, no Brasil, taxistas em um mercado de trabalho precarizado, marcado pela venda ilegal de licenças e concessões, por corrupção e desrespeito às normas vigentes, tentam se organizar minima-mente para resistir à invasão do Uber, serviço estruturado na ausência total de garantias trabalhistas e sociais, apre-sentamos um texto que, além de problematizar a questão, procura apresentar horizontes de esperança, delineando soluções e alternativas possíveis.
Trata-se da análise Cooperativismo de plataforma, na qual o escritor, artista e professor de cultura e mídia digital Trebor Scholz questiona o modelo de propriedade para a Internet. Em vez da economia de compartilhamento vendida como um pacote de “ideias geniais” (cuidadosamente fomentadas por departamentos de marketing de empresas), o que o au-tor propõe são plataformas de cooperativismo “de proprie-dade coletiva, possuídas pelas pessoas que geram a maioria do valor nessas plataformas, [e que] podem revigorar essa mentalidade pública inicial. O cooperativismo de plataforma pode mudar o modo como pessoas comuns pensam sobre suas relações na Internet.”
— Ana Rüsche & Daniel Santini
O mesmo raciocínio também aparece no campo das relações de trabalho. Por que não usar meu carro no final de semana para ganhar um extra dirigindo, já que a vida está tão cara? Não arranjo emprego, vou atrás de uns freelas em alguma plataforma virtual de oportunidades. Muitas vezes, a ideia é complementada pela justificativa de que assim é melhor, porque não tenho um chefe controlando meus horários.
Turbinadas pela velocidade da Internet, as relações de trabalho e as estruturas comerciais, em especial no setor de serviços, mudam com velocidade, em um vórtice que confunde quem legisla, quem trabalha e quem consome. O desprendimento em relação a possuir bens nem sem-pre é simples; por vezes, vem junto com o compartilhar por necessidade, por falta de opção em relação a fontes de renda. A simplicidade no acesso, que em um primeiro olhar pode ser entendida como democratização do con-sumo, se fundamenta, em muitos casos, em precarização absoluta de condições de trabalho e desregulamentação total, o que inclui elisão de impostos e falta de mecanis-mos mínimos de segurança social. Em um momento em que a economia se reestrutura, com protagonismo cres-cente de empresas transnacionais que vendem facilidades mais do que bens físicos ou serviços diretos, é preciso pa-rar e refletir, olhar referências, analisar dados concretos, buscar alternativas.
O fenômeno está diretamente relacionado à fase atual do capitalismo e se repete, em diferentes intensidades, em todo o planeta. Em um momento em que, no Brasil, taxistas em um mercado de trabalho precarizado, marcado pela venda ilegal de licenças e concessões, por corrupção e desrespeito às normas vigentes, tentam se organizar minima-mente para resistir à invasão do Uber, serviço estruturado na ausência total de garantias trabalhistas e sociais, apre-sentamos um texto que, além de problematizar a questão, procura apresentar horizontes de esperança, delineando soluções e alternativas possíveis.
Trata-se da análise Cooperativismo de plataforma, na qual o escritor, artista e professor de cultura e mídia digital Trebor Scholz questiona o modelo de propriedade para a Internet. Em vez da economia de compartilhamento vendida como um pacote de “ideias geniais” (cuidadosamente fomentadas por departamentos de marketing de empresas), o que o au-tor propõe são plataformas de cooperativismo “de proprie-dade coletiva, possuídas pelas pessoas que geram a maioria do valor nessas plataformas, [e que] podem revigorar essa mentalidade pública inicial. O cooperativismo de plataforma pode mudar o modo como pessoas comuns pensam sobre suas relações na Internet.”
— Ana Rüsche & Daniel Santini
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